25 de fevereiro de 2015

Missiologia Concisa de Paulo em Atos 20



Em determinado momento do ministério de Paulo, especialmente ao entender que não veria mais os irmãos das várias igrejas que ajudou a plantar, o apóstolo resolveu chamar os presbíteros de Éfeso para lhes passar orientações. Suas palavras nesse discurso,registrado por Lucas em Atos 20.17-35, trazem profundos ensinamentos sobre a missão da Igreja. Sabemos que para termos uma missiologia paulina é preciso pesquisar sua vida e obra em Atos e nas suas epístolas. No entanto, surpreende-me, como podemos apreender ensinamentos sucintos e profundos nessas palavras de despedida.
O primeiro aspecto da missão da Igreja é pregação do evangelho. Diante daqueles líderes Paulo diz que “anunciava”, “ensinava”, “testificava” do evangelho do Reino, que é o mesmo evangelho de Jesus, pois Jesus é o próprio evangelho (a boa-nova de Deus para a salvação dos pecadores). Aprendemos com o grande missionário que devemos pregar “todo o desígnio de Deus” (v.27). Lembrando-nos que o evangelho não pode ser esquartejado, hipervalorizado em algumas doutrinas e esvaziado em outras.
A pregação exige o chamado ao “arrependimento para com Deus e a em nosso Senhor Jesus” (v.21). A resposta ao chamado é que haverá aceitação da parte de muitos, mas também rejeição, tribulações, prisões e até morte por causa do testemunho de Jesus. Paulo foi perseguido tanto por judeus, como por gentios.
Esse Evangelho salvador deve ser pregado a todas as pessoas (judeus e gentios) e em todos os lugares (“publicamente e também de casa em casa” - v.20). Perante seu ministério de “testemunhar da graça de Deus” (v.24) com fidelidade e perseverança, é que o apóstolo convoca os presbíteros ou bispos (pastores) – líderes com função pastoral – a que cuidassem do rebanho comprado com o sangue de Deus (v.28). Faz parte do cuidado presbiteral estar alerta contra os falsos ensinos dos falsos mestres que se levantariam dentre os da igreja. Pastores-presbíteros têm de estar vigilantes quanto à detecção e correção dos erros (v.31).
Como Paulo realizou seu apostolado (nos aspectos missionário, doutrinário e pastoral)? Com “humildade, lágrimas e provações” (v.19). Paulo não era romântico quanto ao ministério. Ele sabia o que esperava das pessoas. Muitos receberiam a Palavra com alegria, mas outros reagiriam contra com veemência e perseguição. A obra de Cristo exige dedicação e abnegação. Vigiando também para que a cobiça e a avareza não tomem conta do coração (vv.33-34). Paulo frisa, também, o lado social, quando fala de socorrer os necessitados (v.35), pois o evangelho é para a pessoa toda (alma e corpo). Recorda, assim, “as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar do que receber” (v.35).
Embora enfatizando o papel humano na Grande Comissão de pregar o evangelho a toda criatura, batizar os conversos e ensinar a guardar a Palavra, não podemos esquecer que a salvação é graça. Só é possível pela vontade soberana, eletiva e amorosa de Deus. Por isso, o grande bandeirante do evangelho faz uma oração encomendando os irmãos “ao Senhor e à palavra da sua graça” (v.32). Pois o próprio Jesus já havia dito que Ele mesmo edificaria a Sua Igreja. Somente Ele “tem o poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (v.32, ver também Mt 16.18).
Deus dê graça constante aos salvos e santificados por Ele para que cumpram seu papel missionário de ser fiel na proclamação do evangelho e plantação de novas igrejas. Não esquecendo que a Igreja é coadjuvante. O Deus Triúno é o autor principal na salvação dos pecadores. De forma resumida: Deus Pai escolhe, Deus Filho morre pelos escolhidos, o Deus Espírito Santo aplica a obra de Cristo. A Igreja é privilegiada em participar sendo testemunha de Cristo.
O Senhor nos ajude para que sejamos encontrados fiéis. A Ele toda glória!

Robson Rosa Santana
Igreja Presbiteriana do Brasil