24 de agosto de 2011

50 RAZÕES POR QUE ELE VEIO MORRER


O estudo é uma adaptacão do livro de John Piper,  Fifty Reasons Why Jesus Came to Die

"A questão mais importante do século XXI é: Por que Jesus Cristo sofreu tanto? Mas nunca iremos ver essa importância, se não formos capazes de ir além da causa humana. A resposta definitiva para a questão, Quem crucificou Jesus? é: Deus. É um pensamento desconcertante. Jesus era seu Filho. E o sofrimento foi insuperável. Mas toda a mensagem da Bíblia leva a esta conclusão."

Clique no título acima para baixar o livro gratuitamente em inglês

23 de agosto de 2011

Plantando Igrejas | Ronaldo Lidório: uma resenha



LIDÓRIO, Ronaldo. Plantando Igrejas: teologia bíblica, princípios e estratégias de plantio de igrejas. 1ª Ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

Logo na introdução Ronaldo Lidório critica algumas abordagens a respeito da plantação de igrejas, pois para ele as igrejas locais devem ser bíblicas, vivas, contextualizadas e missionárias. Dentre essas críticas ele cita a ênfase pragmática, crescimento numérico em detrimento do fundamento bíblico. Sociológica, uma igreja busca apenas solucionar os problemas humanos. Uma terceira abordagem distorcida é a eclesiológica, através de um conceito limitado ou distorcido da identidade da igreja, no sentido de que a igreja não tem missão, mas sim Deus, ou que a única função da igreja é a evangelização (missões). Lidório diz: “A proclamação, apesar de não ser a única característica procurada em por Deus em sua igreja, é possivelmente a mais urgente e vital para o mundo em trevas”, e continua, “a ausência deste sentimento na vida diária da igreja é sintoma de enfermidade crônica espiritual e bíblica (p.13).
O autor ainda na introdução faz distinção entre evangelização e plantio de igrejas. A primeira é a apresentação de Cristo a um indivíduo. O segundo é apresentar Jesus numa área definida capaz de aprender a Palavra, orar, ter comunhão e proclamar Jesus a outros, ou seja, tem o propósito de gerar uma comunidade capaz de plantar outras igrejas.
No primeiro capítulo, Lidório apresenta alguns critérios teológicos da plantação de igrejas e o processo bíblico de proclamação e contextualização da mensagem. Nessa perspectiva buscar a reconciliação entre missiologia e teologia, dizendo que não deve haver separação distinta das duas disciplinas, pelo contrário, devem ser vistas como disciplinas complementares. Cita Hesselgrave para confirmar a ausência de fundamento teológico nos estudos sobre plantio de igrejas: “o compromisso evangélico com a autoridade das Escrituras é vazio de significado se não permitirmos que os ensinos bíblicos moldem a nossa missiologia” (p.17). A seguir ele diz que a teologia foi formada enquanto eram plantadas igrejas, ou seja, num contexto do cumprimento da missão de Deus.
Apresentando critérios teológicos para o plantio de igrejas ele afirma que isso deve ser definido (1) pelo poder e desejo de Deus de salvar vidas, (2) pela fidelidade às Sagradas Escrituras, e (3) por sua proclamação.
Outro subtema dentro do capítulo foi uma breve apresentação da história e metodologia da plantação de igrejas, mostrando também seus problemas mais comuns. Finaliza o capítulo 1 enfatizando que “a união entre Teologia e Missiologia, o estudo de Deus e a aplicação deste conhecimento para sua glória na expansão do Reino são necessários para o estabelecimento de princípios e práticas no plantio de igrejas” (p.24).
No capítulo 2 Ronaldo Lidório trata da Teologia Bíblica da Contextualização numa perspectiva teológica, apresentando seus objetivos e limitações, bem como sua relevância e perigos. Para ele, a contextualização missionária significa “comunicar o evangelho de forma teologicamente fiel e ao mesmo tempo humanamente inteligível e relevante” (p.25, sintetizando o pensamento de Hesselgrave). Lembrando que a falta de contextualização na obra missionária transcultural tende a gerar duas conseqüências desastrosas: sincretismo religioso e nominalismo evangélico. Segundo ele, Jesus foi o maior exemplo de contextualização na missão de proclamar o evangelho no seu contexto judaico.
Como primeiro passo para fundamentar uma teológica da contextualização cita uma parte do sermão escatológico de Jesus em Mateus 24. Depois de fazer uma análise exegética do v.14 ele conclui com uma paráfrase do verso: “o evangelho do reino será pregado de forma inteligível e compreensível por todo o mundo habitado, por meio do testemunho martírico, de vida, da igreja, a todas as etnias definidas” (p.26-27). Então “virá o fim”, “Jesus voltará”. “Esta comunicação do evangelho, portanto, em uma perspectiva transcultural, necessita de um trabalho de ‘tradução’ em duas áreas específicas: a língua e a cultura” (p.27). Segundo ele, “a contextualização somente é possível com uma fundamentação bíblica que a conduza, bem como é necessária para a fidelidade na transmissão dos conceitos bíblicos” (p.28).
Quanto aos pressupostos bíblicos para a contextualização, Lidório fundamenta-se no texto de Rm 1.18-27. Aos dar exemplos de modelos bíblicos de contextualização baseia-se nos sermões e ensinos de Paulo no livro de Atos, em três tipos de públicos (e culturas): 1) aos judeus em Atos 9.19-22; 2) aos judeus, mas com simpatizantes gentios [judaizantes] (At 13.14-16); e 3) aos gentios sem conhecimento das Escrituras, em Atos 17.16-31. Apresentando ao fim algumas conclusões acerca do modo de Paulo de expor o evangelho de forma contextualizada.  Lidório finaliza o capítulo 2 dizendo, mais uma vez, do perigo da má contextualização ou falta dela: o sincretismo religioso e o nominalismo cristão.
No cap. 3 Lidório fala sobre A Igreja e sua missão no plantio de igreja. A primeira coisa que faz é conceituar o que é a igreja neotestariamente. Pois no processo de plantação de igrejas é preciso ter a teologia correta do que é a igreja de Deus. Assim, ele aponta algumas características da Igreja neotestamentária. Ela é de Deus, humana, local e missionária. A seguir ele mostra o processo de envio da igreja, enfatizando que igrejas plantam igrejas. Mostra também que Deus chama pessoas e igrejas como um todo para fazer parte da edificação do corpo de Cristo. Finaliza o capítulo dizendo que a obra missionária da igreja é a sua participação na Missão de Deus (Missio Dei). E critica visões distorcidas no trabalho missionário, como crescimento denominacional, resultados versus caráter, capacidade humana versus dependência de Deus, estratégias substituindo a fidelidade à Palavra e o zelo teológico sem prática missionária.
Os capítulos 4 e 5 Ronaldo Lidório trata das Estratégias para o Plantio de Igrejas, em duas partes. Na primeira parte (cap. 4), é enfatizando a convicção do autor de que essas estratégias devem ser fundamentadas na Bíblia, especialmente nos exemplos de plantio de igrejas do Novo Testamento, o que é essencialmente paulino. Outra convicção marcante de Lidório é que o foco é na plantação de igrejas, não apenas a evangelização de indivíduos, ou seja, o foco é uma comunidade, seja ela urbana, rural ou tribal, com o propósito de ali plantar uma igreja, que por sua vez seja multiplicadora, uma igreja plantadora de igreja. Na elaboração do modelo paulino de plantação de igrejas, o autor diz que “a dificuldade em lidar com estratégias de plantio de igrejas é que em cada diferente contexto certas abordagens são mais aplicáveis que outras” (p.58). Ele cita os exemplos da plantação das igrejas de Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Tessalônica. Ele mostra que em cada uma das cidades foi feita uma abordagem diferente, e sumaria dizendo: “todas as estratégias devem ser avaliadas de acordo com o contexto a serem aplicadas senão fracassarão” (p.59). Na página 60 Lidório elenca as 12 principais abordagens utilizadas por Paulo. No restante desse capitulo, é feita análise de algumas “realidades que limitam o desenvolvimento de estratégias saudáveis para o plantio e crescimento de igrejas”; também mostra alguns passos para organização de igrejas e um sumário de um projeto de plantação de igrejas.
No capítulo 5 ele continua a pensar sobre as estratégias para o plantio de igrejas e propõe 8 estratégias que podem ser aplicadas de forma relevante nos contextos urbano, rural e tribal. As quais sejam: 1) Pesquisa e compreensão da sociedade local; 2) Abundante evangelização; 3) Comunicação de um evangelho cristocêntrico; 4) Oração; 5) Organização de igrejas locais; 6) Discipulado e treinamento de líderes locais; 7) Envolvimento social que promova ações sociais; e 8) Desenvolvimento do perfil de plantador de igrejas.
No último capítulo Ronaldo Lidório traça a relação entre O Espírito Santo e o Processo de Plantação de Igrejas. Sua afirmação principal é de que “sem a ação do Espírito, a compreensão teológica e os princípios bem aplicados não farão nascer uma igreja” (p.101). Reconhece também, conforme pesquisa da Patrick Johnstone que “jamais tivemos um crescimento tão expressivo da igreja como em nossos dias” (p.101). Divide esse capítulo em três partes. Primeiro, Lidório fala da essência da pessoa do Espírito e sua função na expansão da igreja, através da conversão dos perdidos, bem como por meio dos avivamentos históricos e os movimentos missionários. Segundo, ainda com relação a ação do Espírito e missões, Ronaldo fala do evento Pentecostes, no qual se cumpre a promessa do recebimento de poder do alto, capacitando a igreja nascente para ser testemunha de Cristo. Diz ele: “A igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar sobre Jesus” (p.103). Em Atos 2 o autor ainda diz que a ação do Espírito no dia de Pentecostes gerou uma igreja: (1) não enclausurada; (2) não segmentada, pois havia “um só coração e uma alma”; e (3) não autocentrada, pois somente Jesus deve ser o centro, só Ele deve ser exaltado. Finaliza o capítulo enfatizando: “A dependência da ação do Espírito é, portanto, condição necessária e fundamental para sonharmos ver igrejas nascendo, em Cristo, para Deus” (p.104).
Ronaldo Lidório conclui o livro com uma palavra pastoral de encorajamento aos plantadores de igrejas baseado na parábola do semeador e no Salmo 126. Na última frase diz: “Na força do Senhor continue a caminhar... e chorar... e semear... e sorrir, porque estamos aqui, na lavoura do Pai. Não há lugar melhor”.
O livro de Lidório embora não muito extenso é de uma profundidade justificada apenas pelo vasto conhecimento teológico/missiológico e prático na plantação de igrejas nos diversos contextos culturais que existem nesse mundo de Deus.
O seu livro é altamente aplicável em cada contexto, seja ele urbano, rural ou tribal. E ainda dentro desses contextos distintos nas suas mais variadas expressões culturais. Como disse no capitulo 2, “a contextualização não é apenas possível com uma fundamentação bíblica que a conduza, mas necessária para a fidelidade na transmissão dos conceitos bíblicos” (p.28). E para uma comunicação eficaz do Evangelho é preciso, como disse no cap. 5 sobre as estratégias,  uma pesquisa para compreensão da sociedade local onde se desejar plantar igrejas, reconhecendo também que as abordagens são dinâmicas dependo do contexto em que pretende testemunhar de nosso Senhor Jesus Cristo e plantar igrejas para a glória de Deus.

 Robson Rosa Santana


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10 de agosto de 2011

BEM-AVENTURADOS OS PERSEGUIDOS



Mt 5.10-12
10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

Esta bem-aventurança parece ser a mais paradoxal de todas, mas faz parte do verdadeiro cristianismo.
Se nós que cremos em Jesus temos dificuldade de ver alguma coisa boa em ser perseguido, injuriado, caluniado, surrado e até mesmo morto por da nossa fé em Cristo, imagine um não cristão.
Vi um vídeo de cristãos perseguidos no Youtube. Veja alguns comentários negativos: “E aí, já que fizeram isso porque eles não renunciaram a Jesus, onde tava esse Jesus que deixou essas atrocidades acontecerem? Se me chega um cara com um facão me ameaçando eu falo que sou até nazista se ele quiser. Afff, bitolagem e fanatismo é coisa de gente sem cultura.”
Um cristão simplesmente fez um comentário acerca do que ele falou acima e ele respondeu de forma odiosa. Vou cortar a primeira parte por não ser conveniente:
“...só de ler o que vocês escrevem dá vontade de matar vocês tudo, nossa que ódio!”
Jesus deixa para falar dela por último, assim como é a bem-aventurança mais reforçada de todas.
Numa primeira análise parece que Jesus está falando de 2 bem-aventuranças, mas o assunto é um só: que é a perseguição por causa da fé e do testemunho de Jesus Cristo: “por causa da justiça” (v.10) = “por minha causa” (v.11).
Reconhecemos que é algo bizarro aos nossos olhos, mas é uma realidade que tem ocorrido não só depois de Cristo, mas desde o início dos tempos.
A começar com Abel que foi morto pelo seu irmão Caim.

O TEXTO NOS MOSTRA O QUE ACONTECE COM ESSES IRMÃOS SOFREDORES:
(1)  São perseguidos e capturados como animais nocivos com o desejo de serem destruídos, com se fossem algum malfeitor.
O que Jesus faz é dar um alerta sobre o que pode acontecer com seus discípulos.
Isso nada não é nada mais, nada menos do que o fruto da inimizade predita por Deus depois que Adão e Eva pecaram.
Foi isso que Deus falou para a serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
Hb 11.35-40: “Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra. Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”.
O próprio Jesus foi perseguido, praticamente o tempo todo pelos lideres religiosos judaicos. Estavam sempre na cola de Jesus. Fazendo perguntas maliciosas para de alguma forma desaprová-lo, prendê-lo e matá-lo.
Durante algum tempo Paulo foi perseguidor da Igreja, começando com os crentes de Jerusalém até que quis ir prender os crentes de outras cidades e levá-los para cadeias em Jerusalém.
Mas quando pretendia perseguir os crentes de Damasco, ainda na estrada, Jesus lhe aparece e ele literalmente cai do cavalo no seu intento.
Deus o converte e Jesus agora lhe diz que ele será um Apóstolo (Enviado) seu em vários lugares e que pregaria a reis, bem como agora saberia o que era sofrer por causa do nome de Cristo. Em todas as cidades que ele anunciou a Cristo, foi perseguido (Listra, Filipos, Eféso, etc.) Até ser preso e morto por decisão de Nero.
(2) Jesus também diz que os cristãos seriam injuriados
Insultar, depreciar, difamar alguém sem justificativa, sem reais motivos.
Isso é o que Jesus quer dizer com: “e, mentindo, disserem todo mal contra vós.”
Jesus também sabia o que era sofrer isso: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Mt 11.19).
Outro exemplo: “Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios” (Mt 12:24)

A DESPEITO DE TODA ESSA AGRESSÃO CONTRA OS DISCIPULOS DE JESUS, JESUS TRAZ CONSOLO AOS CORAÇÕES DOS QUE SOFREM POR SUA CAUSA, POR CAUSA DA JUSTIÇA.
ELE DIZ:
(1) “bem-aventurados”, felizes, porque embora estejam passando por todo esse sofrimento, vocês terão grande recompensa.
Os apóstolos aprenderam isso! Quando estavam sendo perseguidos e foram acoitados, disseram:
Atos 5:41: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome”.
Lembro aqui que Jesus deixa para falar sobre a perseguição por último, porque somente aqueles que vivem as outras sete bem-aventuranças é que têm condições de sofrer por causa de Cristo, sem que isso os faça negar a sua fé, e até mesmo se alegrar por sofrer por causa do nosso Senhor e Salvador.
(2) “Deles é o reino dos céus”; “grande é o vosso galardão nos céus”.
Ex.: Estevão (At 7)
55 Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita,
 56 e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus.
 57 Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele.
 58 E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.
 59 E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!
 60 Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.
(3) Portanto, “exultai e alegrai-vos” (v.12).
Jesus nos ensina que não só basta ser paciente no sofrimento e perseguição, mas devemos também nos regozijar, pois a honra e a dignidade do sofrimento por Cristo é mais considerável do que a dor, a vergonha e a injúria.
Paulo com certeza foi um dos servos de Cristo que mais sofreram por causa da fé e do testemunho.
Todo o cap. 12 de 2 Coríntios Paulo fala sobre isso e resume da seguinte forma:
“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (v.10)

Conclusão
No caminho da felicidade proposto por Deus para seus filhos também está incluído o passarmos por várias provações, dentre elas sermos perseguidos por causa de Jesus.
Que estejamos preparados.
Que Deus nos dê força e sabedoria para agüentarmos com paciência.
Pois Deus estar reservando o melhor dele para nós.

Pr. Robson Rosa Santana

Mensagem entregue na Igreja Presbiteriana de Tangará da Serra (MT), em 07/08/2011


Embora no nosso país não estejamos passando por perseguições tão fortes como as previstas por Jesus, peço que veja o vídeo que mostra perseguições fisicas e até mesmo casos de mortes por causa da fé em nosso Senhor Jesus Cristo em outras partes do mundo.








4 de agosto de 2011

A QUESTÃO DOS LIVROS APÓCRIFOS

INTRODUÇÃO

        Freqüentemente a Igreja Protestante é acusada pelos católicos romanos de haver retirado da Bíblia Sagrada alguns livros e partes de outros. E muitas vezes os cristãos evangélicos ficam sem saber o que responder por falta de instrução acerca do assunto. Será que esses livros foram retirados da Bíblia pelos protestantes ou foram acrescentados como livros inspirados, mesmo que de reconhecimento tardio (deuterocanônicos) pelos católicos romanos, após a Reforma Protestante? Na verdade os livros apócrifos foram disputados durante séculos acerca de sua inspiração divina. À época da Reforma Protestante ainda permanecia a discussão: fazem parte ou não da coleção dos livros inspirados pelo Espírito Santo, também chamada de Sagradas Escrituras? Os protestantes reconheceram pelo seu conteúdo e pela própria formação do Cânon Hebraico que esses livros não eram de inspiração divina. Por algum tempo eles foram colocados ao final das Bíblias de edição protestante como um apêndice, tendo apenas valor histórico. Por fim, foram totalmente retirados para que não houvesse nenhuma confusão a respeito dos livros verdadeiramente inspirados.
O texto que se segue é uma compilação de materiais. A primeira parte é extraída do livro Sola Scriptura: a Doutrina Reformada das Escrituras, de autoria de Paulo Anglada, Editora Os Puritanos. No capítulo 3 desse livro, o autor trata do Cânon das Escrituras, e como a discussão dos livros não inspirados é uma questão no Antigo Testamento, pois os livros apócrifos estão nessa parte da Bíblia Católica, transcrevi as duas divisões que nos interessam no momento: O Cânon Protestante do Antigo Testamento e O Cânon Católico do Antigo Testamento. A segunda parte é um resumo dos livros apócrifos, extraído do artigo de G. R. Beasley-Murray, Os Livros Apócrifos e Apocalípticos, do Novo Comentário da Bíblia. A última parte, por sua vez, é uma avaliação crítica da incompatibilidade das doutrinas ensinadas nesses livros em relação aos livros inspirados, ou seja, os 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento.

1. O CANON DAS ESCRITURAS

1.1. O Cânon[1] Protestante do Antigo Testamento

Origem

O cânon protestante do Antigo Testamento é exatamente igual ao cânon hebraico massorético. O cânon massorético é a Bíblia hebraica em sua forma definitiva, vocalizada e acentuada pelos massoretas. A ordem dos livros, entretanto, segue a da Vulgata e da Septuaginta.

 

Os Massoretas

Os massoretas eram judeus estudiosos que se dedicavam à tarefa de guardar a tradição oral (massora) da vocalização e acentuação correta do texto. À medida que um sistema de vocalização foi sendo desenvolvido, entre 500 e 950 d.C., o texto consonantal[2] que receberam dos soferim[3] foi sendo por eles cuidadosamente vocalizado e acentuado. Além dos pontos vocálicos e dos acentos, os massoretas acrescentavam também ao texto massoras marginais, maiores e finais, calculadas pelos soferim. Essas massoras (tradições) eram estatísticas colocadas ao lado das linhas, ao fim das páginas e ao final dos livros, indicando quantas vezes uma determinada palavra aparecia no livro, o numero de versículos, palavras e letras. Elas indicavam até a palavra e letra central do livro.

O Cânon Massorético

Embora o conteúdo do cânon protestante seja o mesmo do cânon hebraico, a divisão e a ordem dos livros são diferentes. Eis a divisão e a ordem do cânon hebraico:
O Pentateuco (Torá): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
Os Profetas (Neviim):
        Anteriores: Josué, Juízes, 1-2 Samuel, 1-2 Reis.
        Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Profetas Menores.
Os Escritos (Kêtuvim):
        Poesia e Sabedoria: Salmos, Provérbios e Jó.
        Rolos ou Megilloth (lidos nos anos litúrgicos): Cantares (na páscoa), Rute (no pentecostes), Lamentações (no quinto mês), Eclesiastes (na festa dos tabernáculos) e Éster (na festa de purim).
        Históricos: Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.

O Cânon Consonantal

A divisão e ordem dos livros no cânon hebraico consonantal (anterior) eram as mesmas. O número de livros, entretanto, era diferente. O conteúdo era o mesmo, mas agrupado de modo a formar apenas 24 livros. Os livros de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas eram unidos, formando apenas um livro cada (o que implica em 3 livros a menos em relação ao nosso cânon). Os doze profetas menores eram agrupados em um só livro (menos 11 livros). Esdras e Neemias formavam um só livro, o Livro de Esdras (menos 1 livro).[4]

Testemunhas Antigas do Cânon Protestante Hebraico

A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 d.C.). Em Contra Apionem ele escreve: “Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos”.[5] Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais “incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele continua afirmando:

Desde Artaxexes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja.[6]

Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Era apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424 a.C.) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.
Além de Josefo, Mileto, Bispo de Sardes, diz ter viajado para o Oriente, em 170, com o propósito de investigar a ordem e o número dos livros do Antigo Testamento; Orígenes, o erudito do Egito, que morreu em 254; Tertuliano (160-250), pai latino contemporâneo de Orígenes; e Jerônimo (340-420), entre outros, confirmam o cânon hebraico de vinte e dois e vinte e quatro livros (dependendo do agrupamento ou não de Rute e Lamentações).
É interessante observar que o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata latina, que daria origem ao cânon católico, embora considerasse os livros apócrifos úteis para a edificação, não os tinha como canônicos. Embora tendo traduzido outros livros não canônicos, ele escreveu que “deveriam ser colocados entre os apócrifos”, afirmando que “não fazem parte do cânon”. Referindo-se ao livro de Sabedoria de Salomão e ao livro de Eclesiástico, ele diz: “Da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público), mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para receber as doutrinas da igreja”.[7]
Vale salientar ainda que a versão siríaca Peshita, que bem pode ter sido feita no século II ou III, ou até mesmo no século I, nos manuscritos mais antigos, não contém nenhum dos apócrifos.

O Testemunho de Jesus e dos Apóstolos

Embora as evidencias já mencionadas sejam importantes, a principal testemunha do cânon protestante do Antigo Testamento é o Novo Testamento. Jesus e os apóstolos não questionaram o cânon hebraico da época (época de Josefo, convém lembrar). Eles citaram-no cerca de 600 vezes, de modo autoritaritativos, incluindo praticamente todos os livros do cânon hebraico. Entretanto, não citam nenhuma vez os livros apócrifos.[8] Pode-se concluir, portanto, que Jesus e os apóstolos deram o imprimatur deles ao cânon hebraico e, conseqüentemente, ao cânon protestante.

1.2 O Cânon Católico do Antigo Testamento

Origem

O cânon católico, composto pelos trinta e nove livros encontrados no cânon protestante, acrescido das adições a Daniel e Éster, e dos livros de Baruque, Carta de Jeremias, 1-2 Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico e Sabedoria – 3 e 4 Esdras e a Oração de Manasses[9] são acrescentadas depois do NT [Novo Testamento] – origina-se da Vulgata latina, que por sua vez provém da Septuaginta.

 

A Septuaginta

A Septuaginta [LXX] é uma tradução dos livros judaicos para o grego feita, possivelmente, durante o reinado de Ptolomeu Filadelfo (285-245 a.C.) ou até meados do século I a.C., para a biblioteca de Alexandria, no Egito. Os tradutores não se limitaram a traduzir os livros considerados canônicos pelos judeus. Eles traduziram os demais livros judaicos disponíveis. E, a julgar pelos manuscritos existentes, deram um arranjo tópico à biblioteca judaica, na seguinte ordem:

Livros da Lei: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio.
Livros de História:  Josué, Juízes, Rute, 1-2 Samuel, 1-2 Reis (chamados 1-2-3-4 Reinados), 1-2 Crônicas, 1-2 Esdras (o primeiro apócrifo), Neemias, Tobias, Judite e Éster.
Livros de Poesia e Sabedoria:  Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiástes, Cantares, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Siraque (ou Eclesiástico).
Livros Proféticos: Profetas Menores [12 livros: de Oséias a Malaquias], Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Baruque, Lamentações, Epístola de Jeremias, Ezequiel, e Daniel (incluindo as histórias de Susana, Bel e o Dragão e o cântico dos Três Varões).
Alguns desses livros foram escritos posteriormente, em grego, possivelmente por judeus alexandrinos, e foram incluídos na biblioteca judaica de Alexandria, tais como Primeiro e Segundo Esdras, adições a Éster, Sabedoria,  a Epístola de Jeremias. Nem sempre todos estes livros estão presentes nos manuscritos antigos da Septuaginta. O Códice Vaticano (B) omite Primeiro e Segundo Macabeus (canônicos para a Igreja Católica) e inclui Primeiro Esdras (não canônicos para a Igreja Católica). O Códice Sinaítico (a) omite Baruque (canônico para Roma), mas inclui o quarto livro dos Macabeus (não canônico para Roma). O Códice Alexandrino (A) inclui o Primeiro Livro de Esdras e o Terceiro e Quarto Livros dos Macabeus (apócrifos para Roma).
O que se pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canônicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles originalmente recebidos sagrados pelos judeus ou não. Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes?
Mesmo pessoas bem intencionadas podem ter sido levadas a rejeitar alguns livros canônicos, ou aceitar como canônicos alguns que não fossem, por ignorância ou má interpretação da historia do cânon. Convém lembrar que, embora o testemunho do Espírito Santo seja a principal regra de canonicidade por parte da igreja como um todo, mesmo assim, o crente ainda tem uma natureza pecaminosa que não o livra totalmente de incidir em erro, inclusive quanto ao assunto da canonicidade. Isto acontece especialmente em épocas de transição, como foi o caso de Agostinho[10] que defendeu os livros apócrifos, embora de modo dúbio, e depois o de Lutero, o qual colocou em dúvida a canonicidade da carta de Tiago.

 

A Vulgata

Ao traduzir a Vulgata[11], Jerônimo também inclui alguns livros apócrifos. Não o fez, contudo, por considerá-los canônicos, mas apenas por considerá-los úteis, como fontes de informação sobre a história do povo judeu.
Na Idade Média a versão francamente usada pela igreja foi a Vulgata latina.  A partir dela e da Septuaginta também forma feitas outras traduções. Ora, multiplicando-se o erro, e afastando-se cada vez mais a igreja da verdade (como aconteceu crescentemente nesse período), tornou-se mais e mais difícil distinguir entre os livros que deveriam ser considerados canônicos ou não. Esses livros nunca foram completamente aceitos, mesmo nessa época. Mas, por estarem incluídos nessas versões, a igreja em época de trevas, geralmente falando, não teve discernimento espiritual para distinguir entre livros apócrifos e canônicos.
Por fim, no Concílio de Trento, em 1546, também em reação contra os protestantes, que reconheceram apenas o cânon hebraico, a igreja de Roma declarou os livros apócrifos relacionados acima, bem como autoritativas as tradições orais: “O Sínodo... recebe e venera todos os livros, tanto do Antigo como do Novo Testamento... assim como as tradições orais”. A seguir são relacionados todos os livros considerados canônicos, incluindo os apócrifos. Concluindo o decreto adverte:

Se qualquer pessoa não aceitar como sagrado e canônico os livros mencionados em todas as suas partes, de modo como eles têm sido lidos nas igrejas católicas, e como se encontram na antiga Vulgata latina, e deliberadamente rejeitar as tradições antes mencionadas, seja anátema. [12]

A igreja grega seguiu mais ou menos os passos da igreja ocidental. Houve sempre dúvida na aceitação dos apócrifos, mas, no Concílio de Trulano, em 692, foram todos aceitos (quatorze). Ainda assim, como sempre houve reservas quanto à plena aceitação de muito deles, a igreja grega, em 1672, acabou reduzindo para quatro o número dos apócrifos aceitos: Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Judite.[13]

 

Conclusão

Por ironia da História, a Vulgata de Jerônimo, o qual não considerava canônicos os livros apócrifos,[14] veio a ser a principal responsável pela inclusão destes livros no cânon católico.
A obra dos reformadores foi maior do que se pode pensar à primeira vista. Eles não apenas redescobriram as doutrinas básicas do evangelho, como a doutrina da salvação pela graça mediante a fé. Eles redescobriram também o cânon. Graças a eles e ao testemunho do Espírito Santo, a igreja protestante reconhece como canônicos, com relação ao Antigo Testamento (é claro), os mesmos livros que Jesus e os apóstolos, e os judeus de um modo geral sempre reconheceram.
Alguns dos apócrifos são realmente úteis como fontes de informações a respeito de uma época importante na história do povo de Deus: o período inter-testamentário. Os protestantes reconhecem o valor histórico deles.  Seguindo a prática dos primeiros cristãos, as edições modernas protestantes da Septuaginta normalmente incluem os apócrifos, e até algumas Bíblias protestantes antigas os incluíam, no final, apenas como livros históricos.
Mas as igrejas reformadas[15] excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e, “induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições”.[16] Melhor assim, tendo em vista o que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los separadamente.

2. CONTEÚDO RESUMIDO DOS LIVROS APÓCRIFOS[17]

O livro 1 [3] de Esdras é uma narração fragmentária dos acontecimentos lembrados no livro canônico de Esdras, juntamente com a história dos três cortesãos, um dos quais se chama Zorobabel e que teve papel preponderante na festa de Dario.
O livro 2 [4] de Esdras não passa dum apocalipse do primeiro século da era cristã, de certo modo o mais trágico de todos os apocalipses.
Tobias é uma história romântica que nos fala da sepultura dos mortos e do casamento de Tobias. Foi escrito provavelmente nos fins do século III a. C.
Judite é outra obra de ficção a propósito da libertação duma cidade do exército assírio. Não vai além da época dos macabeus (cerca de 150 a.C.).
O descanso de Ester é um apêndice ao livro canônico, e inclui orações e decretos, que vêm tornar mais explícito o caráter religioso do livro.
A sabedoria de Salomão é considerado um dos livros mais representativos e mais sublimes da sabedoria hebraica, do período que decorre entre os dois Testamentos, pois supõe-se escrito entre 150 a.C.  e o ano 40 da nossa era.
O Eclesiástico, também chamado "Sabedoria de Jesus, filho de Siraque", é uma obra do gênero da anterior, embora se julgue ser da autoria dum saduceu e publicada cerca do ano 180 a.C.
Baruque forma um livro só com A Epístola de Jeremias, datando o primeiro do século III a.C. e o segundo do século II a.C. Ambos se destinam a combater a heresia.
Apêndices ao livro de Daniel conhecem-se três: A história de Susana condenada à morte e defendida pelo jovem Daniel; A oração de Azarias e o Cântico dos três santos mancebos lançados à fornalha ardente; e por fim Bel e o Dragão, duas narrativas separadas contando como Daniel desacreditou os sacerdotes de Bel e desmascarou o deus-dragão.
A oração de Manassés é um grito de arrependimento proferido pelo rei que tem este nome e baseado em #2Cr 23.12 e segs., escrito provavelmente no século II a.C.
O livro 1 Macabeus narra a luta dos judeus, chefiados pelos filhos de Matatias, contra Antíoco Epífanes e seus sucessores. Há quem suponha que o autor é contemporâneo dos acontecimentos que relata.
O 2 Macabeus continua o anterior e expõe, num estilo primoroso, as façanhas de Judas Macabeu.

3. ANÁLISE CRÍTICO-DOUTRINÁRIA DOS LIVROS APÓCRIFOS[18]

3.1. Salvação Pelas Obras

Em Tobias  4.7 –11  é dito: “Toma de teus bens para dar esmola. Nunca afastes de algum pobre a tua face, e Deus não afastará de ti a sua face… pois a esmola livra da morte e impede que se caia nas trevas. Dom valioso é a esmola, para quantos a praticam na presença do altíssimo”. 12.8 e 9 “Boa coisa é a oração com o jejum, e melhor é a esmola com a justiça do que a riqueza com a iniquidade… a esmola livra da morte e purifica de todo o pecado. Os que dão esmola terão longa vida…”
Essas duas passagens comprometem muito esse livro, pois não se trata apenas de uma referência do pensamento do velho Tobias, o que nele está é uma expressão de forma normativa, de uma doutrina contrária às Escrituras Sagradas, apresentada como ensinada pôr um anjo. (ver Gal. 1.8).
As Escrituras afirmam mediante as palavras de Jesus que por meio do próprio homem a salvação é impossível (Mateus 19.25, 26); que o amor de Deus demonstrado em seu filho Jesus Cristo é a solução divina para quem nele crê (João 3.16); e em outras passagens como I Timóteo 2.5; Atos 4.12; João 14.6; Efésios 2.8, 9,;Atos 11.13, 14; 10.1-5.

3.2. Elogio ao Suicídio

Em II Macabeus 14.41-46 vemos o relato da história de um homem chamado Razias, um ancião de Jerusalém, acusado diante de Nicanor e seu exército em um momento de grande aperto: “As tropas estavam para se apoderar da torre e forçavam a porta do pátio, e já se dera a ordem para trazer fogo para se incendiarem as portas quando Razias, cercado de todos os lados, atirou-se sobre a própria espada… contudo, não tendo acertado com o golpe, por causa da pressa do combate…correu ele animosamente para a muralha e, com intrepidez viril, precipitou-se em cima da muralha… ainda respirando e ardendo em indignação, ele ergueu-se… arrancou as entranhas e, tomando-as com as duas mãos, arremessou-as contra a multidão. Invocando, ao mesmo tempo, aquele que é o senhor da vida e do espírito, para que lhos restituísse um dia, desse modo passou para outra vida”.
Pelo teor da narrativa se vê a expressão fictícia, o afã de exaltar um personagem heróico. O autor da mesma e em todo o seu livro, quis contar a história da bravura com que seus compatriotas lutaram e até morreram, e para salvaguardar a responsabilidade de seu biografado Razias, chega a declarar que sua atitude suicida é uma maneira de morrer nobremente. Essa afirmação choca brutalmente com toda a Escritura. Passagem como Êxodo 20.13 que afirma mediante lei divina o “não matarás” e outras como I Crônicas 10.1-14; Atos 1.15-20.
Além do mais, o tal Razias é apresentado como alguém que teve resistência um tanto quanto sobre-humana, pois se ferir, cair de certa altura, depois correr no meio do povo e ainda tirar com as próprias mãos as suas entranhas e as atirar ao povo, exige forças além das que são conhecidas e experimentadas pelo homem.

3.3. Feitiçaria

Em Tobias 6.4,5, 7,8 vemos o conselho do anjo ao jovem Tobias quando na beira do rio Tigre quase foi atacado por um grande peixe: “ … e o anjo lhe disse: agarra o peixe e segura-o firme! Tobias dominou o peixe e o arrastou para a terra. E o anjo acrescentou : abre o peixe, tira o fel, o coração e o fígado e guarda-os; joga fora os intestinos, pois o fel, o coração e o fígado são remédios úteis… então Tobias perguntou ao anjo: Azarias, meu irmão, que remédio há no coração, no fígado e no fel do peixe?  Respondeu ele: Se se queima o coração ou o fígado do peixe diante de um homem ou de uma mulher atormentados por um demônio ou por um espírito mau a fumaça afugenta todo mau e o faz desaparecer para sempre”.
Este romance está de todo envolto em mistérios e exageros, onde o peixe é arrastado para fora d’água de modo aparentemente heróico e quanto ao uso de suas partes para fins de combate a espíritos, tem conotação de certas práticas de feitiçaria ou baixo espiritismo. Nas Escrituras não se vê tais ensinos ou superstições, antes ela declara que entre o povo de Deus não deve haver feitiçaria, pois a mesma é abominação (Deuteronômio 18.10), sendo que os que a praticam como não tendo parte no reino dos céus (Ap. 21.8). Tal livro de Tobias é fruto de uma mentalidade babilônica e pagã que possuíam essas práticas para com os supostos espíritos.(ver Marcos 9.29).

3.4. Intercessão pelos Mortos

Em II Macabeus 12.39-46 vemos o comportamento de Judas Macabeus por ocasião da perda de alguns soldados e a consideração do próprio autor do livro: “No dia seguinte… partiram os homens de Judas para recolherem os corpos dos que haviam tombado, a fim de inumá-los junto com os seus parentes nos túmulos de seus pais. Então encontraram, debaixo das túnicas de um dos mortos, objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, cujo o uso a lei vedava aos judeus. Tornou-se assim evidente, para todos, que foi por esse motivo que eles sucumbiram. Todos, pois, tendo o bendito modo de proceder do senhor… puseram-se em oração para pedir que o pecado cometido fosse completamente cancelado…”
Tal afirmação entra em profunda contradição com o ensino das Escrituras sagradas com respeito aos que morrem. Passagens como Mateus 25. 31-46; Hebreus 9. 27; Lucas 16.19-31; I Timóteo 2.5-6; Atos 4.12; I João 2.2; João 14.6; I Pedro 1.18-19.

3.5. Ausência de Inspiração Divina

Estas são as próprias palavras do autor de II Macabeus ao concluir a sua obra: “… se o fiz bem, de maneira conveniente a uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgarmente e de modo medíocre, é isso o que me foi possível. De fato, como é nocivo beber somente vinho, ou somente água, ao passo que o vinho misturado à água é agradável e causa um prazer delicioso, assim (trabalho) da preparação do relato encanta os ouvidos daqueles que entram em contato com a composição. Aqui, porém, será o fim”.
Assim declara o autor, reconhecendo a possibilidade de falhas e contradição com os próprios fatos que pôr ele próprio são narrados. E se desculpa caso tenha cometido algum engano. Isso nunca pode ser narrativa bíblica, pois Jesus disse que as Escrituras nunca podem falhar  Jo. 10.35.  Ver  também II Pe.1.19-21; II Tm 3.16; Lc. 1.3; I Co. 14.34; II Co. 13.3; Jo. 42.2.
Como vimos, todos estes livros entram em contradição com toda a Escritura, inseri-los no cânon sagrado seria pôr em descrédito toda a Escritura. Portanto, é inadmissível aceitarmos tais erros teológicos e doutrinários no Cânon Sagrado.

3.6. O Pecado

“Foi muito discutida a origem do pecado, tendo sido apresentadas várias soluções, em especial no que se refere ao grande desastre do Éden. Em alguns casos a culpa é atribuída a Eva (Eclesiástico 25.24), em outros a Adão (2Ed 7.118), ainda noutros ao Demônio (Sabedoria 2.24), e finalmente aos Anjos Maus (1 Enoque 10.7-8). Por outro lado, o autor de 2 Baruque não concorda com a atribuição da culpa aos nossos antepassados: "Embora Adão fosse o primeiro a pecar, por ele a morte se transmitisse a todos os seus descendentes, cada um de nós preparou no seu íntimo tal acontecimento... Adão é, pois, apenas o responsável pelo seu pecado, enquanto cada um de nós responde pelo seu, por sermos cada um o seu Adão em espírito" (2 Baruque 54.15 e 19).
“Quanto à expiação por esse pecado, recorre-se aos sacrifícios, tal como no Velho Testamento. Mas não se dispensam as obras: "Aquele que honra o pai fará sacrifícios pelos pecados" (Eclesiástico 3.3); "A esmola livra da morte e purifica do pecado" (Tobias 12.9). É contra estas teorias que Paulo se insurge veementemente.
“Recorre-se, ainda, aos méritos dos santos (2Ed 8.28-29), e o martírio dos confessores fiéis pode vir a expiar os pecados (4Mc 6.28-29)”.[19]
Os textos que se seguem nos mostram claramente que todos os seres humanos sofrem as conseqüências do pecado de Adão (Rm 5.14; 1Co 15.22). Como diz Davi, "eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.4). Apesar de todas as coisas acontecerem de acordo com o decreto eterno de Deus, quem pecou foi Adão. Como diz o teólogo reformado Louis Berkhof, “esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que, dada a solidariedade da raça humana, teria efeito, não somente sobre Adão , mas também sobre todos os seus descendentes”. Mais à frente ele continua: “Adão pecou não somente como o pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes; e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são passíveis de punição e morte”[20] (leia Rm 5.12, 18-19). Desse modo, em Adão todos nós nascemos corrompidos pelo pecado e culpados diante de Deus, merecedores de punição e morte.
E quanto à expiação dos pecados, o que as Escrituras inspiradas nos ensinam? Nem as obras, nem os méritos dos santos, nem os mártires confessores podem nos purificar da malignidade de nosso pecado, mas a graça de Deus por intermédio da fé no sacrifício único de Jesus Cristo (Rm 3.19-26;  6.23; Ef 2.8-9).
Sabemos que existem os ensinos fundamentados nos livros Apócrifos (como a doutrina do purgatório), mas esses ensinos distorcidos e incompatíveis com o que dizem os livros realmente inspirados, são suficientes para reprová-los nos testes de autoridade e inspiração. Por isso é preciso que se diga que esses livros e acréscimos não devem fazer parte do cânon sagrado.

CONCLUSÃO

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertarás”, disse Jesus (João 8.32). Os testemunhos históricos nos dão provas claras de que foi um equívoco muito grande esses textos apócrifos serem inseridos no conjunto dos livros sagrados. Como diz o dito popular, o pior cego é o que não quer ver. Jerônimo, tradutor da versão autorizada pela Igreja Católica Romana, a Vulgata, ele próprio desconsiderou os livros apócrifos, como já foi dito.
Além do testemunho histórico desde o início em que foram incluídos esses livros, quando da tradução dos livros dos judeus para o grego, a fim de que fizesse parte da Biblioteca de Alexandria, passando pelo historiador Flávio Josefo, que afirmou que os judeus não tinham esses livros no cânon hebraico, bem como pelos pais da Igreja, todos são categóricos em afirmar quais os livros verdadeiramente são inspirados, e os que citamos como apócrifos, ou seja, os que estão na tradução das Bíblias católicas, não são canônicos; logo, não devem fazer parte do texto sagrado, a Palavra de Deus. O livro de Apocalipse finaliza com uma advertência muito grave e séria: “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro” (Ap 22.18). Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

BIBLIOGRAFIA
ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura: a Doutrina Reformada das Escrituras. 1 ed., São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998.
BEASLEY-MURRAY, G. R. Os Livros Apócrifos e Apocalípticos. In: Novo Comentário da Bíblia, 2 ed., São Paulo: Vida Nova: 1980 [CD-Rom].
CARDOSO, Luiz Ancelmo, MAGALHÃES, Nelson dos Santos. Os Livros Apócrifos. Goiânia: SPBC, 2000 (trabalho não publicado).
NOTAS



[1] A palavra cânon é mera transliteração do termo grego kanwn, que significa vara reta, régua, regra. Aplicado às Escrituras, o termo designa os livros que se conformam à regra da inspiração e autoridade divinas. Atanásio (séc. IV) parece ter sido o primeiro a usar a palavra neste sentido. São chamados canônicos, portanto, os livros que foram inspirados por Deus, os quais compõem as Escrituras Sagradas – o cânon bíblico (Anglada. Sola  Scriptura, p. 33-34).
[2] O nome é texto consonantal porque no alfabeto hebraico não havia vogais, logo, os massoretas adicionaram às palavras que só tinham consoantes os sinais vocálicos para facilitar a pronuncia.
[3] Ordem dos escribas que originou-se com Esdras, e que se estendeu até 200 d.C., cuja função era preservar puro o texto bíblico.
[4] 24 livros da Bíblia hebraica, mais 15 que foram agrupados, chega aos 39 livros do cânon protestante.
[5] Ele menciona 22, ao invés de 24, porque com certeza, originalmente, Rute era agrupado com Juízes e Lamentações com Jeremias.
[6] Capítulo primeiro.
[7] Gleason L. Archer Jr, Merece Confiança o Antigo Testamento?, 76.
[8] Com exceção de Enoque 1:9, aludido em Judas 14-16; contudo, não citado autoritativamente, e sim como qualquer outro autor; assim como Paulo cita Arato em Atos 17.28 e Menander em 1 Coríntios 15.33.
[9] Todos os  itálicos são ênfase minha.
[10] Bispo de Hipona (354-430), norte da África, chamado pelos católicos de Santo Agostinho.
[11] Vulgata (em latim vulgar editio, "edição popular"), edição da Bíblia latina qualificada de autêntica pelo Concílio de Trento. A atual composição da Vulgata é, em essência, obra de Jerônimo (345-419), doutor da Igreja Católica.
[12] R. L. Harris, Inspiration and Canonicity of the Bible [Inspiraçao e Canonicidade da Bíblia], 192.
[13] Gleason L. Archer Jr, Merece Confiança o Antigo Testamento?, 80.
[14] Jerônimo foi o primeiro a usar o termo apócrifo.
[15] Igrejas calvinistas, como a Igreja Presbiteriana do Brasil.
[16] A. Buntzer, Introdução ao Antigo Testamento, 49.
[17] Este conteúdo resumido foi extraído do artigo de G. R. Beasley-Murray, Os Livros Apócrifos e Apocalípticos. In: Novo Comentário da Bíblia, 2 ed., São Paulo: Vida Nova: 1980 [CD-Rom].
[18] A partir daqui até o tópico 3.5 é parte de um trabalho apresentado pelos então seminaristas Luiz Ancelmo Cardoso e Nelson dos Santos Magalhães, no Seminário Presbiteriano Brasil Central (GO).
[19] G. R. Beasley-Murray.  Os Livros Apócrifos e Apocalípticos. In: Novo Comentário da Bíblia, 2 ed., São Paulo: Vida Nova: 1980 [CD-Rom].
[20] Louis Berkhof. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990. p. 222.